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A obesidade provoca cancro

O que pode ter ouvido

A obesidade tem sido associada a vários tipos de cancro.

O que nos diz a ciência

A obesidade ou um elevado índice de massa corporal (IMC) é uma condição na qual uma pessoa tem uma quantidade e/ou distribuição de gordura corporal não saudável. Para medir a obesidade, os investigadores costumam usar a escala de IMC, que é determinada pela divisão do peso de uma pessoa (em quilogramas) pela altura (em metros) ao quadrado. O IMC fornece uma medida mais precisa da obesidade do que o peso sozinho, embora tenha as suas limitações. Quase 70% dos adultos nos EUA têm um IMC de 25,0 ou superior, que é caracterizado como excesso de peso (25,0-29,9) ou obesidade (30,0 e acima) (NCI). No entanto, existem muitas métricas de obesidade e cada uma delas pode estar associada a diferentes riscos de cancro.

Evidências epidemiológicas

Existem evidências consistentes de que o aumento da gordura corporal está associado a vários tipos de cancro. As pessoas obesas têm inflamação crónica que, com o tempo, pode causar danos no ADN que levam ao cancro. Estas pessoas também são mais propensas a ter outras doenças ou distúrbios que estão associados ou causam inflamação crónica: por exemplo, esófago de Barrett, cálculo biliar, colite ulcerativa e hepatite(NCI). Os cancros associados à obesidade incluem:

  • Endométrio: as mulheres obesas e com excesso de peso são 2 a 4 vezes mais propensas do que as mulheres com um IMC saudável a desenvolver cancro do endométrio (cancro do revestimento do útero). O risco de cancro do endométrio aumenta com o aumento do ganho de peso na idade adulta (NCI).
  • Esófago: as pessoas com excesso de peso ou obesas têm 2 vezes mais probabilidade de desenvolver adenocarcinoma do esófago do que as que têm um IMC saudável (NCI).
  • Cárdia gástrica: as pessoas obesas têm quase duas vezes mais probabilidade de desenvolver cancro na parte superior do estômago, mais próxima do esófago, do que as que têm um peso saudável (NCI).
  • Fígado: as pessoas com excesso de peso ou obesas têm até duas vezes mais probabilidade de desenvolver cancro do fígado do que as que têm um peso saudável; esta associação é mais forte nos homens (NCI).
  • Fígado: as pessoas com excesso de peso ou obesas têm até duas vezes mais probabilidade de desenvolver cancro das células renais, a forma mais comum de cancro dos rins, do que as que têm um peso saudável (NCI).
  • Mieloma múltiplo: o mieloma múltiplo é um cancro que se forma num tipo específico de glóbulos brancos (células plasmáticas) e se acumula na medula óssea. Em comparação com indivíduos com peso saudável, os indivíduos com excesso de peso e obesos têm um aumento de 10 a 20% no risco de desenvolver mieloma múltiplo (NCI).
  • Meningioma: um meningioma é um tumor de crescimento lento que se desenvolve nas membranas que envolvem o cérebro e a espinal medula. O risco de meningioma aumenta em 50% nas pessoas obesas e 20% nas pessoas com excesso de peso.
  • Pâncreas: as pessoas com excesso de peso ou obesas têm 1,5 vezes mais probabilidade de desenvolver cancro do pâncreas (NCI).
  • Colorretal: as pessoas obesas são 30% mais propensas a desenvolver cancro colorretal do que os indivíduos com peso saudável (NCI).
  • Vesícula biliar: as pessoas obesas têm um aumento de 60% no risco de cancro da vesícula biliar (NCI).
  • Mama: as mulheres na menopausa que são obesas têm um aumento de 20 a 40% no risco de desenvolver cancro da mama (NCI).
  • Ovários: o IMC mais alto está associado a um aumento de 10% no risco de cancro dos ovários entre mulheres que nunca usaram terapia hormonal na menopausa (NCI).
  • Tiroide: o IMC mais alto está associado a um aumento de 10% no risco de cancro da tiroide entre mulheres que nunca usaram terapia hormonal na menopausa (NCI).

Em pessoas diagnosticadas com cancro da mama, da próstata ou colorretal, os estudos mostram que a obesidade pode piorar aspetos da sobrevivência ao cancro (exemplo: qualidade de vida, recorrência do cancro, progressão do cancro e sobrevivência).

Evidências laboratoriais/elementos comprovativos

As evidências de estudos em laboratório e em animais apoiam geralmente as evidências epidemiológicas de que a obesidade está associada ao risco de uma variedade de cancros.

Classificação carcinogénica do CIIC: Não classificado

Como reduzir o risco

Os estudos epidemiológicos fornecem evidências consistentes de que pessoas que têm um IMC saudável têm menor risco de cancro do cólon, dos rins, da mama, do endométrio e dos ovários (NCI). Os estudos mostraram que as pessoas que perdem peso têm menor risco de cancro da mama, do endométrio, do cólon e da próstata. As pessoas com obesidade que fazem cirurgia bariátrica parecem ter menor risco de cancro relacionado com a obesidade do que aquelas que não fazem cirurgia bariátrica.

Os passos para evitar o aumento de peso não saudável são os mesmos que os passos para perder peso: praticar exercício regularmente, manter uma dieta saudável e monitorizar o peso. Para evitar o aumento de peso, recomendam-se 150 a 300 minutos de atividade com intensidade moderada por semana (Mayo Clinic). Uma dieta saudável inclui alimentos baixos em calorias e ricos em nutrientes (como frutas, vegetais e cereais integrais), evita gorduras saturadas e limita a ingestão de doces, álcool e alimentos processados. Identificar situações que dão origem à ingestão em excesso de alimentos e monitorizar estas situações também pode ajudar a prevenir o aumento de peso. Por fim, a consistência na dieta e no exercício e a monitorização regular do peso podem ajudar a evitar o aumento de peso.

Conclusão

A obesidade aumenta o risco de cancro do endométrio, do esófago, da cárdia gástrica, do fígado, dos rins, de mieloma múltiplo, meningioma, do pâncreas, colorretal, da vesícula biliar, da mama, dos ovários e da tiroide. Os passos para evitar o aumento de peso não saudável são os mesmos que os passos para perder peso: praticar exercício regularmente, manter uma dieta saudável e monitorizar o peso.

Calculadora de IMC
National Cancer Institute (NCI): A obesidade e o cancro (em inglês)
MD Anderson: A obesidade e o cancro (em inglês)
CDC: A obesidade e o cancro (em inglês)
Mayo Clinic: Obesidade (em inglês)

Data

Publicação: 24 de junho de 2021
Verificação/atualização: 22 de agosto de 2022